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Inteligências Artificiais. Sejamos Maestros!

Alcione de Oliveira

Antônio Carlos Lobo Soares


Com o surgimento dos smartphones, a disrupção em nossas vidas foi quase instantânea. Do aparecimento ao não podermos mais viver sem eles foram muito poucos anos. Com um objeto que cabe na palma da mão, nos informamos, nos comunicamos, registramos nossas vidas, nos divertimos e trabalhamos. Muito mais que um instrumento cultural, já faz parte do que somos como um pâncreas. Essa tecnologia tão incrível, não passa de uma ferramenta, como as revolucionárias talas que nossos ancestrais usavam para retirar o rico tutano dos ossos.


A cada ano, aguardamos ansiosos, novas versões de equipamentos, sistemas operacionais...

Nos acostumamos em poucas horas.


O tsunami digital e os avanços computacionais estão se acelerando a velocidades que podem pulverizar limites que a física nos tenta impor, como a velocidade da luz, por exemplo. Mas qual é o motor tão extraordinário que promove tamanha convulsão?

Simples, a inteligência humana.


Começo a intuir, que não entendemos adequadamente a capacidade da inteligência humana. Muitas das vezes nos assustamos com o tanto que pode o pensar. Muito menos ainda o que pode o pensar de oito bilhões de cabeças. E como poderemos entender o que pode oito bilhões de cérebros conectados e servo-alimentados por um colossal acervo de conhecimentos processados e articulados.


As leis da física estão a anos luz de alcançar essa estrutura absolutamente sem limites, que é a inteligência humana, pois não há réguas para medir. Equações como E=mc² não funcionam. A inteligência sintética ou artificial (IA) é um mero construto humano. Um mero simulacro que condensa o conjunto do pensamento humano, articulado segundo o que pensamos. Nos colocamos perplexos e nos encantamos, por pensarmos. Não por mero narcisismo, mas é absolutamente impossível não nos encantarmos com o que somos, com o que podemos.

A inteligência humana é um motor, que não encontra paralelo entre todas as estruturas da natureza. E sem alarde, está claro: esse é só o princípio de um processo de aceleração que tornará o bigbang, algo como um simples fogo de artifício.

Como nos preparar com tamanha erupção de transformações?


Pessoas, cada vez mais, terão que cuidar de pessoas e as inteligências sintéticas deverão fazer parte de nossas vidas desde a maternidade. Isto é inescapável.


Embora nos colocamos em polvorosa, com mais uma das tantas artimanhas que nos arvoramos a produzir, as inteligências artificiais, agora comandadas por linguagens "naturais" são realmente extraordinárias, já ditas como mais importantes que o domínio do fogo, pelo brilhante CEO do Google, Sundar Pichai. E assim será se proporcionar oportunidades de expansão para todas as pessoas e resolver, de forma cabal, todas as mazelas remanescentes de tantos avanços como a pobreza e a fome, que são claramente frutos exatos da falta de planejamento, não mais, por falta de recursos.


Estamos diante de nova fronteira de tantas novas que vêm vindo e mais e mais.

Nossas escolas, de centros mais avançados aos nossos recantos mais desprovidos de atenção, vivem o transe desse mundo nebuloso, difuso. Encontrar caminhos para conduzir e organizar pessoas neste exato momento não é nada banal, sabemos. Mas não nos pode restar duvidas de que todo o processo de educação nos tem de colocar como maestros dessa estrutura, que não é mais que produto do trabalho humano, por mais que nos pareça inicialmente como uma alucinação, do tanto que tudo isso pode.

No teatro grego, víamos como transcendente os novíssimos e revolucionários versos em rima, como palavras mágicas.


As novíssimas inteligências artificiais, comandadas por linguagens naturais, evoluem, mas estão longe de serem perfeitas. E precisamente "linguagens naturais" são meros conceitos criados pelo marketing das empresas que as produzem. Construir as perguntas adequadas carrega tamanha complexidade, que a falta de capacidade de formulá-las pode rapidamente amplificar desigualdades em proporções abissais e irreversíveis, criando hordas de humanos, ainda menos humanos. E se sonhamos com as utopias de um mundo limpo e asséptico, as IAs têm o potencial de entupir nossos miolos de não verdades, que farão os plásticos nos oceanos parecerem poeira sobre a mesa. E muito difíceis de identificar.


Frear o desenvolvimento, que é inexorável, das pesquisas que avançam, não parece razoável como pensam alguns líderes de empresas que estão chegando atrasados nessas jazidas de riquezas, que ninguém consegue dimensionar adequadamente, mas certamente vão impactar todas as atividades, em todo o mundo, ainda mais que o computador e a internet. Uma verdadeira nova corrida do ouro.


Inteligências sintéticas ou artificiais são estruturas que leem uma amostra significativa e diversa do conhecimento que acumulamos em toda a nossa história, como pesquisas eleitorais no Brasil que, por exemplo, intuem a opinião da maioria, com consulta entre não mais que cinco mil pessoas, escolhidas por critérios de representatividade, num universo de 200 milhões de pessoas, com pequena margem de erro. O esforço global deverá, portanto, incorporar muito mais diversidade, nos times de pesquisa que definem critérios e nas bases de dados que estão sendo treinadas, para que as respostas e soluções reflitam a cultura e os interesses mais amplos de nossa sociedade. E claro, poderemos ter um embaralha e dá de novo, no mercado de trabalho.


Como o ano zero de nosso calendário, que define um marco de caráter religioso como o AC e o DC, 2023 poderá significar um marco ainda mais significativo e de caráter mais global, que separará o Aia e o Dia, como o tempo zero, de quando passamos a comandar inteligências artificiais, por linguagem natural. Onde virtualmente oito bilhões de cérebros naturais, começam a poder contar com um servo luxuoso, uma estrutura que dispõe, virtualmente a cada cidadão, o conhecimento universal, processado e articulado, acionado por mera pergunta coloquial. E o papel da educação, neste cenário, será sempre em nos colocar no centro. É o que nos vacina das ameaças de dominação por inteligências artificiais e nos coloca como seus maestros.


Alcione de oliveira, Arquiteto e Paisagista

Antonio Carlos Lobo Soares, Arquiteto PhD, Museólogo, Artista Plástico

e Especialista em Acústica pela Universidade de Lisboa.



Complemente a leitura com a interessante matéria do MIT Technology Review com o título:





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